terça-feira, 3 de abril de 2012

CFA 2004 - Final de Paul Garfer

Encontro na clareira (continuação de Noite dos Lobos)
por Paul Garfer




Sorriu porque percebera que era chegado o momento que ele tanto adiara, tendo jurado sobre as cinzas de seus familiares, diante do local sagrado da grande fogueira, perante seu mestre que nunca permitiria que esta hora chegasse. A não ser que, como último recurso, necessitasse disso para vinga-los. 

Vendo seu sorriso, Albion fraquejou, deixando então de saltar sobre ele. Albion não ter pulado naquele instante, era sua última esperança. 

Larson sacou de sua gladius, espada curta que carregava em sua cintura e traçou rapidamente no ar o círculo sagrado. Albion reconheceu com espanto as palavras perdidas em sua memória, mas não Gorgorot da natureza dos lobos, tendo este saltado em sua ira descontrolada, como em resposta aos movimentos que Larson fazia, no centro da clareira, girando com a espada na mão. 

- Sagrado seja o círculo que traço com o poder de Malkut, pois nele mal nenhum há de entrar. - Caiu de joelhos em reverência e continuou, abrindo os braços ao esplendoroso luar- Venha senhor das noites geladas e consagre-me o andarilho das sombras, para banir da face da Terra os filhos de Lilith. 

Um estrondo metálico encerrou o silêncio após a invocação de Larson. E a criatura de 3 metros, Gorgorot, fora jogada para os limites da clareira. Ali então convulsionava a figura de um canídeo negro, após ter recebido a descarga de alguns megatons. Dois lobisomens correram para aquela direção e altos uivos, desta vez de dor, tomaram novamente conta do ar. 

O evento fez com que Albion recuasse, pois percebera que alguma energia muito poderosa que ele não reconhecia, mas que retirava sua confiança, emanava da floresta. E então novamente a emboscada estava armada. Larson, o caçador de monstros e seus seis companheiros foram surpreendidos, mas Larson sobrevivera. Albion e seus asseclas foram atacados, mas contaram com um fator desconhecido, que havia amedrontado os humanos e levado-os a perdição, tinham virado o jogo. Mas agora tanto Larson, o mago-caçador, quanto Albion, estavam cercados pela floresta. 

Larson sabia que não poderia sustentar o círculo por muito mais tempo. 

Albion não sabia por quanto tempo Larson iria agüentar. 

Larson sabia que não resistiria a mais um ataque. 

Albion estava com medo. 

Larson percebeu no olhar de Albion, que alguma coisa estava errada com a matilha e que esta talvez fosse a sua chance de vencer. 

Larson se levantou e um uivo vindo de suas costas o fez congelar. Gorgorot havia morrido e eles queriam vingança. Seu povo havia morrido e Larson queria vingança. Quem mais teria escolhido esta noite para se vingar? 

Os lobisomens se reagruparam lentamente, agora eram sete ao todo. Larson respirou profundamente e percebeu que a estranha presença que estava sentindo se manifestava em um casal que entrava pela periferia do circulo, logo atrás dele, mas ainda em seu campo de visão. Era uma linda moça, cabelos lisos, longos, negros, trajando um longo vestido branco e um senhor de cabelos grisalhos, com pesadas vestes negras que parecia ser seu pai. Ela sentou-se mesmo ali ao chão, por sobre algumas folhas caídas. Ele beijou sua mão, sorriu ternamente e silenciosamente caminhou em direção ao centro. 

As feras se entreolhavam, Albion estava estranho. Ele não queria acreditar na possibilidade. Não poderia estar acontecendo. 

Elas estudaram o estranho e mesmo sem a permissão de seu líder decidiram atacar. Dois licantropos partiram para cima do velho na intenção de trucidar o intrometido. Ele abriu os braços e um vento gelado soprou. Imediatamente as duas criaturas caíram duras no chão. O grande ser que saltava em sua direção agora não passava de um grande cão preto a tremer de frio. O outro ao quedar, fez ecoar um baque surdo. E era um homem, congelado no chão. 

Larson olhava tudo aquilo surpreso. As criaturas, as folhas secas movidas pelo repentino deslocamento de ar. O sorriso. Não era bem um sorriso, mas uma expressão de orgasmo, um ar de prazer na fisionomia do estranho. Mas o melhor disso tudo é que agora restavam apenas cinco e parecia que o estranho estava do seu lado. 

O velho abriu novamente os olhos, abaixou os braços, mas o sorriso permaneceu em seu semblante. Três criaturas recuaram e estavam agora na forma de lobos. Os outros dois, Albion e um outro, por sinal muito parecido com ele, adquiriram forma humana e recuaram também alguns passos. 

- Quem é você? - Gritou Albion, - tentando ainda parecer altivo. - E o que quer conosco? 

- Apenas um andarilho. Que não gosta de injustiças. Que não gosta de trapaças, que não gosta de emboscadas. É uma pena não poder contar com o poder dos dois, jogando no mesmo time. Mas como dizem, toda moeda tem que ter duas faces. Sou apenas um velho minhas crianças - E enquanto ele falava, os lobos permaneciam sentados e em silêncio, como se já ouvessem entendido quem ele era. Apesar de Albion o ter reconhecido, mesmo sem querer acreditar. 

- Sou eu mesmo Albion, ou não poderia eu me divertir um pouco no dia de meu aniversário? Além do mais eu fui convidado para a festa. E perante minha amada, nenhuma gota de sangue ira verter. 

- Vá Larson e cuide para que o ódio não domine o seu coração. Se tiver que matar o faça para equilibrar a balança e nunca pelo contrário. Vocês morrendo aqui, só me enfraquecem e a minha senhora. Vá e cumpra seu papel, mas não use as táticas dos que só andam de noite. E quanto a você Albion, leve os seus e os cure, não só o corpo, mas a mente e o espírito. Pois de todos os espíritos eu conheço a essência e o teu protetor se afastou de ti. 

- Mais uma coisa Larson. Aqueles que você chama de filhos de Lilith, são mais necessários a mim do que os infiéis de sua raça. O bem e o mal não existem, mas se existissem, - sorriu - seriamos a balança. - Apontou para a jovem de cabelos negros e pele branca como a neve. 

O estranho caminhou no sentido da moça, deu-lhe a mão ajudando-a a levantar e virou-se para Larson e Albion, indagando. 

- Ainda querem saber quem eu sou? 



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Agora prepare-se para ler os finais, escritos por:




Eduardo Menna   -   Sara Nina   -   Verena Peres



Releia o início de Simone Nardi.

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