Em meio a latões de lixo e
mendigos rotos esparramados no chão, uma porta entreaberta deu vazão para minha
fuga. Subi os degraus velozmente, o quão veloz poderia depois de quarteirões de
corrida. Ao chegar ao quarto andar olhei para baixo e vi o pátio interno onde
os viciados e bêbados se alojavam. Já devo ter matado alguém por aqui para me
lembrar tão bem do ambiente fétido. Olho ao redor e nada, mas ao olhar para a
janela em frente, o vidro empoeirado me mostra o que eu era, o que eu fiz e o
que me tornei. Minha mente reflete naquela janela a tela do filme de terror que
acabara de encenar. Vejo o sangue; uma lágrima escorre. Escuto os gritos, os
tapas, os gemidos. Alex! Richard! Monstro!
Fecho os olhos e me apoio no
gradil. Percebo que o peso de minha consciência quer me atirar lá embaixo e
assim como minhas vítimas, não ofereço resistência. O atrito com o ar me provoca
uma sensação de alívio. Por uma fração de segundo, é como se a morte me
aguardasse graciosa no andar térreo.
BLOOMM!
Quarta-feira.
Sinto um formigamento no corpo
como se houvesse dormido um sono profundo. Um lindo e maravilhoso dia de sono. Abro
os olhos e tento observar ao redor. É noite novamente, faço menção de levantar.
A dor percorre cada músculo de meu corpo e juntamente com ela vem a lembrança
das atrocidades que fiz e da burrice que tentei cometer. Dar cabo de minha
própria vida. Se tiver que fazer isso novamente, vai ser de forma definitiva,
de verdade e para sempre.
Pareço ter escutado uma risada ao
fundo. É a besta. Só pode ser ela. Ela ri de minha incompetência. Ri de minha
consciência e de minha loucura tentando enterrá-la junto comigo, mas até agora
ela tem sido mais forte que eu.
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