Capítulo III – Paul Garfer
- Mansão D’ávila.
- Agora as casas
falam?
- Perdoe-me senhor,
aqui é Albert, quem deseja?
- Eu desejo! Chame
seu patrão, tenho pressa!
- Não posso
incomodá-lo no momento, senhor, mas se...
- Você não me conhece
rapaz! Ou você acorda o seu patrão imediatamente ou eu tomo um avião agora e
pessoalmente quebro o seu pescoço.
- Acalme-se senhor,
vou ver o que posso fazer, mas com quem eu falo?
- Não lhe interessa,
se não é com você que quero falar!
- Pois sim, aguarde
um momento.
- Não! Eu não
aguardarei. Estou no aeroporto embarcando para o Brasil. Avise o seu
patrãozinho, que mais uma vez as suas brincadeirinhas deram em confusão. Escute
muito bem o que eu estou falando. Perdi a paciência que nunca tive! E vou
resolver da minha maneira desta vez.
- Acalme-se senhor!
Meu patrão já está...Senhor! Senhor!
- Quem era Albert?
- Senhor Lucian! Um
homem repugnante! Parecia conhecer o senhor. Mas siga o conselho de quem te
serve meu senhor, não se meta com este tipo de gente, ele parece ser perigoso,
cheio de ameaças. Chegou até a falar que quebraria meu pescoço!
- Ele tinha algum
sotaque?
- Muito carregado.
Leste Europeu, talvez Polônia.
- Russo! Borkovisk!
- Você o conhece
patrão?
- Infelizmente muito
mais do que gostaria. Tenho uma dívida com ele que mais cedo ou mais tarde
terei que pagar.
- Amo Lucian. Escute
seu criado, venda alguma propriedade e pague este crápula o quanto antes!
- Terei que pagar-lhe
com certeza Albert, mas não é dinheiro o que ele quer. E você está muito
intrometido na minha vida.
- É minha vida também
caro amo. Só tenho a você e a pequena Laura.
- Sei disso Albert,
me desculpe. Mas muito me preocupa a ligação desta criatura. O que ele queria?
- Na verdade não sei
patrão. Falou uma série de barbaridades, que resolveria a sua própria maneira e
disse que embarcaria para o Brasil.
- A troco de que
Borkovisk sairia de seu exílio na gelada Sibéria para se aventurar num país
tropical? Preciso investigar isso Albert e rápido.
- Enquanto isso
patrão prepararei o seu chá de maçã com torradas suíças e o patê de ervas e
também o seu banho de sais.
- Não Albert, preciso
que você arrume minhas malas, tenho de ir atrás de Borkovisk antes que minha
dívida se torne impagável.
- Mas patrão!
- Faça o que estou
mandando Albert. Arrume minhas malas e contate Roberto, avise para me retornar
assim que o jatinho estiver pronto para decolar. Tenho que ligar para uns
contatos no Brasil e tentar descobrir quem está envolvido com Edmund. Não
esqueça meu notebook e acho que vou aceitar as torradas, se der tempo.
- Suas malas estão
prontas senhor! Aqui estão as suas torradas. Roberto deve estar preparado com a
autorização de vôo em no máximo 35 minutos e antes que o senhor mencione, pois
já está olhando para o relógio, já descontei o tempo que demorei para fazer as
malas e dar-lhe o recado.
- Uma das melhores
coisas que fiz na vida Albert, foi contratá-lo.
- O senhor sabe que
não precisaria pagar um centavo, se quisesse.
- Albert, por favor!
- Desculpe patrão. Às
vezes perco a compostura.
- Onde está minha
sobrinha?
- Ainda não voltou do
colégio. Como explicarei que o senhor se ausentou na véspera de seu
aniversário?
- Diga-lhe que
consegui um presente maravilhoso para ela pela internet, mas que eles não
entregavam e como ela é muito especial, eu mesmo fui buscá-lo no Brasil.
- E quanto a sua
festa de aniversário?
- Organize tudo aqui
na mansão. Diga-lhe que pode convidar os amigos e que assim que eu chegar quero
detalhes sobre a festa.
- Ela sentirá sua
falta.
- Se não fosse
realmente importante eu nunca me ausentaria. Diga-lhe que comemoraremos
novamente assim que eu retornar. Quinze vezes se for preciso.
- O senhor tem um
grande coração.
- Sei disso Albert.
Sei disso. Agora já vou andando.
Dirigiu-se à porta
puxando o carrinho com uma mão e com o notebook na outra. Deu um breve adeus
com um sorriso, abaixou a cabeça e saiu, sem ao menos ouvir a voz triste de Albert
comentar baixinho...
- Tenha cuidado meu
amor e volte logo...
- Senhora! O que terá
acontecido ao garoto?
- Não sei Michelle,
por quê? Se interessou por ele?
- Não Ana, é claro
que não é isso, mas é que ele tinha algo de estranho, de diferente, não sei
explicar.
- Também senti algo
semelhante minha querida, mas não tive tempo suficiente para poder descobrir
exatamente o que era. Você chegou a conversar com ele?
- Muito pouco. Ele
parecia muito tímido e assustado. Na verdade acho que ele não estava com fome
senhora. Ele estava possuído de ira.
- Estranha esta sua
observação. Ele foi provocado?
- Você não conhecia o
Gian? Sempre arrogante e prepotente. Foi abrindo a porta do carro e arrancando
o garoto lá de dentro.
- Insolente. Teve o
que merecia. Quanto ao garoto, espero que nada de mal lhe aconteça.
- Eu também. Ele
poderia se encaixar perfeitamente em nossos planos, não é Aninha?
- Posso ler no seu
olhar exatamente onde você gostaria de vê-lo encaixado, dona Michelle,
exatamente...
- Ana!
- Sei. Agora vá.
Estou realmente interessada em saber o que a Isa quer com isso tudo. Ela sempre
está nos lugares e horas mais impróprios.
Michelle abandonou a sala, deixando Ana
absorta em pensamentos. Será que Isa tem alguma coisa a ver com Marco? Será que
ele trabalha para ela?
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