sábado, 3 de março de 2012

Olhos Verdes Cristalinos - Parte 01/80



01 - Um novo lar

A primeira impressão que tive foi a de que não deveria fazer isso. Sabia que mudaria radicalmente a minha vida, mas na verdade o que mudou a minha vida com radicalidade foram as circunstâncias. Não tenho com quem brigar, não tenho com quem discutir, não tenho mais. Ao chegar nos portões vejo um amplo casarão, totalmente branco, com portas e janelões imponentes, cerrados por suas pesadas grades de ferro pintadas, de branco. Eu havia ligado, havia marcado hora, sem ao menos ter visitado a instituição anteriormente. Foi em um jornal de grande circulação que reparei na propaganda. Pelo walkie-talkie o segurança no portão obteve a confirmação de minha visita e somente assim liberou minha entrada. O taxi me deixou no pequeno caminho asfaltado circundado por vasto terreno gramado com diversos canteiros de flores do campo espalhados ao meu ver aleatoriamente, mas nada é aleatório.
                Desci do carro, paguei a corrida, peguei minha pequena valise e me dirigi à porta principal da instituição. Ainda na escada me esperava uma linda jovem em seu impecável uniforme branco com um sorriso que se dá a credores milionários.
                - O senhor deve ser o senhor Mauro, estou correta?
                Era obvio que eu era o Mauro ou a portaria não me deixaria entrar. Era obvio também que não a responderia desta maneira, mas pelo amor de Deus, ela tinha que ser tão clichê?
                - Sim. – e resolvi acrescentar um aceno de cabeça. Ela abriu novamente aquele sorriso, que devia ser o único que conhecia por sua falta de cultura.
                - Siga-me. Lhe acompanharei até a sala do diretor.
                Inevitavelmente pensei em um ataque alienígena, com a frase mais clichê que a dela, “leve-me a seu líder!”, mas resolvi que não estava em uma competição de imbecilidade, afinal a garota deveria ser “hors concours” neste quesito ou no mínimo acharia que eu me trataria de um louco qualquer.
         Pelos corredores pude ver uma limpeza impecável, uma brancura enlouquecedora, salões gradeados onde caminhavam internos sociáveis e várias portas trancadas. Tudo parecia calmo e tranqüilo como se estivéssemos em uma biblioteca. Fazendo uma pausa a moça que me acompanhava me pediu gentilmente que eu aguardasse por alguns instantes recostado na parede, o que fiz automaticamente mesmo sem ver propósito nisto. Vinha pelo corredor uma interna com um grande camisolão branco e as mãos presas para trás. Dois homens a acompanhavam, um a sua frente e outro lhe guiando pelos punhos amarrados as costas.
- É mesmo necessário todo este procedimento? A moça não oferece nenhum tipo de resistência aos enfermeiros, por que amarrar suas mãos deste jeito?
                - Não se deixe enganar pela doçura dos rostos. Nós aqui temos regras rígidas e por vezes mesmo com elas ocorrem alguns imprevistos. Se tomamos algumas precauções é porque temos a sua visita hoje e outros funcionários não merecem correr riscos desnecessários.
                A garota passou por nós docemente, seus pés descalços pareciam que flutuavam sobre o frio piso branco, quando alguns passos a frente um dos guardas parou para procurar a chave correta de uma das portas por qual passamos no corredor. Já íamos seguir adiante quando escutamos um estrondo e me virei observando o guarda com as chaves desmaiado no chão e o outro desequilibrado caindo de costas. Habilmente a moça olhando para nós passou os braços para frente do corpo e correu em nossa direção sendo seguida pelo enfermeiro que se recuperava da queda. Ela pegou a atendente loira que me conduzia pelos cabelos fazendo seus óculos voarem uma longa distância e desferiu com os lábios colados em um de seus ouvidos um grito de ódio ensurdecedor. Eu me encontrava pregado a parede novamente com os olhos arregalados me perguntando o que deveras estava fazendo ali. Com uma rápida picada em seu pescoço a moça despencou no chão levando em suas mãos algumas mechas do cabelo de minha simpática acompanhante, minha heroína.
                Tentando se recompor e não me assustar ao ponto de que eu também surtasse, a enfermeira ajeitou o que restava de seus cabelos, apertou fortemente o ouvido atacado contra a cabeça e me sinalizou com a mão para que continuasse a segui-la.
         - Esta é a sala. Você está sendo aguardado. – Falou ela com certa dificuldade na voz. - Desculpe pelo ocorrido, não vou lhe acompanhar, preciso de uma aspirina.
                - Eu tomaria duas se fosse você.
        Com um sorriso que me revelou que ela não era tão doce ou tão burra quanto queria demonstrar a princípio ela se virou parecendo balbuciar alguma coisa. Sem perder a linha desejei mentalmente que ela fosse em meu lugar enquanto virava a maçaneta em forma de bola.

Por hoje é só, acompanhe a seguir as curiosidades sobre o livro...

Curiosidades: “Um Novo Lar” apesar de ser o primeiro capítulo da obra, foi a última parte a ser escrita para “Olhos Verdes Cristalinos”. No projeto inicial, “Olhos Verdes Cristalinos” tinha uma outra forma de iniciar, mais dependente do RPG que, através de suas seções, atraiu ainda mais o autor para o Universo Vampírico.

Está curioso para saber no que isso tudo vai se transformar? Leia agora o próximo capítulo.

Aguarde até o próximo sábado ou compre agora!


Releia agora os primeiros capítulos.


2 comentários:

  1. Já fiquei curioso para saber mais após estas primeiras palavras.
    Não vejo a hora de chegar meu exemplar pra continuar acompanhando.....
    Quem...O que...Porque...Como...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tenho certeza que você não vai se arrepender. Abraço.

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