sábado, 23 de junho de 2012

Olhos Verdes Cristalinos - parte 18/80




14 - No limiar do prazer

                Dentre os seres humanos, o sexo é o exercício que mais provoca prazer, mas ao mesmo tempo, nos últimos anos ele também envolveu risco, com a AIDS atrapalhando aqueles que buscavam formas diferentes e promíscuas de praticá-lo.
                O retro-vírus é transmitido pelos fluídos sexuais e pelo sangue e hoje em dia milhões estão infectados e morrendo.
                Como evoluímos, temos maneiras de resistir a doenças que afetam o sangue, mas mesmo assim ao custo de muito sofrimento, porém, e o que é mais interessante, os vampiros tem duas formas de praticar sexo. A primeira é a forma convencional, utilizada pelos humanos há séculos e que nós vampiros usamos para lembrar quando éramos humanos ou queremos seduzir fêmeas ou machos dependendo do caso ou da preferência, sem revelar nossa real natureza. A outra forma, mais evoluída e prazerosa que a anterior, não diz respeito aos órgãos sexuais necessariamente e não envolve troca de fluidos sexuais, trata-se da troca direta de sangue ou como chamamos de sexo vampírico.
                Para nós, sacia não somente a fome, ou melhor, a sede de sugar nossas vítimas. Para elas que em sua grande maioria não resistem à mordida e também para os poucos que possuem força de vontade suficiente para tentar combater a investida, após os primeiros segundos, acabam se rendendo ao prazer incomparável de ter o sangue e suas vidas se esvaindo por suas artérias ou veias. Prazer semelhante é compartilhado pelos suicidas que decidem cortar os pulsos e ver e sentir seu fluido vital escorrer, tingindo as pálidas louças sanitárias e dominando o piso gélido como uma maré vermelha que invade os lotes quadrados de um vilarejo a beira-mar.
                O sexo vampírico vai além, é mais complexo que o humano, que não deixa de ser complexo em algumas de suas modalidades de prazer mais violentas, mas o nosso sexo cria necessariamente um vinculo, quase uma interdependência entre os envolvidos devido a mistura do sangue de ambos. Vinculo esse que pode ser explorado inescrupulosamente por uma das partes para controlar os atos e vontades da outra parte envolvida. Muitos chamam esta dependência de vinculo de sangue. Dessa forma o vampiro ou até mesmo o humano que venha a beber do sangue de um vampiro, acaba servindo seu mestre para sempre, em nome desse suposto “amor”.
                Os amaldiçoados que praticam o sexo vampírico, com todos os riscos que ele envolve, muitas vezes não buscam a beleza física ou o sexo oposto em seu par, mas sim a experiência e a antiguidade armazenada no sangue do outro. É obvio que um pouco de beleza acaba incentivando o processo, mas o poder faz com que outros superem as suas necessidades e os seus tabus em troca de momentos de prazer e satisfação associados ao risco para poder desenvolver dons antes inimagináveis.
                A prática desta modalidade única de sexo, assim como no sexo humano, varia em posições, tempo, violência, etc. Mas o papai-mamãe é pelos pulsos de ambos, pois desta forma o controle de um em relação ao outro é praticamente igual.

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